APLICAÇÃO DA TERAPIA EUREKKA EM UM CASO DE Mãe Narcisista

Dados

Sigla do cliente: J.P.G
Idade: 32
Sexo: Feminino
Ocupação: Cuidadora de Idosos
Demanda: Depressão

Histórico

J mora com os pais e o irmão em Belo Horizonte. Tem também uma irmã mais velha, que mora com marido e filho na mesma cidade. Relata que decidiu fazer terapia depois de um evento no qual tomou uma cartela inteira de remédios para dormir. Diz que não foi uma tentativa de suicídio, que queria apenas dormir por muito tempo. No entanto, depois de ser tratada no hospital, a equipe de lá fez a recomendação de buscar um psicoterapeuta.
Em sessão, J age de maneira dócil, sempre sorrindo e dizendo que está tudo bem. No entanto, quando pergunto sobre seu humor e sua satisfação de vida, J começa a chorar, relatando que nunca se sente bem, e como frequentemente se sente um peso para os outros. Seus dias consistem em trabalhar o máximo que consegue e cuidar da manutenção da casa (limpeza, jantar para a família, etc.). Quando tem tempo livre, costuma passar no celular ou dormindo. Pergunto desde quando se sente dessa forma, e J responde que desde que se conhece por gente.

Sintomas

○ Humor deprimido: J sente-se triste ou vazia a maior parte do tempo.

○ Rotina: J passa a maior parte do tempo trabalhando, seja na sua profissão, ou cuidando da casa. É preciso avaliar se não há sintomas de burnout. Há uma escassez de lazer na sua rotina, e J não parece priorizar seu próprio cuidado.

○ Desesperança: J não conseguiu estabelecer como gostaria de estar ao fim da terapia. Como seu problema existe desde a infância, não tem uma boa referência do que seria um nível normal de bem estar.

Recursos

A própria carga de deveres que está acostumada a carregar, e com tão pouco apoio emocional, já demonstra a sua competência e disciplina.

○ Por conviver com os pais e, em certo nível, com a irmã, é possível recrutá-los como parte da equipe terapêutica, especialmente para prevenir futuras tentativas de suicídio.

○ Está em acompanhamento psiquiátrico desde que voltou do hospital. Preciso pedir o número do psiquiatra.

Prioridades nessa Etapa do Tratamento

○ Autocuidado básico: garantir que J não esteja dormindo demais nem de menos; que se alimente bem ao longo do dia; treinaremos relaxamento muscular pareado com meditação para aliviar o quanto possível de stress. Se possível, praticar algum exercício aeróbico, como uma corrida ou caminhada.

Desenvolvimento do caso

Resumo depois de 4 sessões:

J relata que o autocuidado tem surtido algum efeito, “numa escala de 1 a 10, eu estava no 1, agora no 4”. Também tem se permitido demonstrar mais vulnerabilidade na sessão, falando mais sobre o que lhe causa tristeza. Venho pedindo que anotasse situações que considera problemáticas e temos analisado essas situações para entender qual o problema, e um padrão de relacionamento disfuncional com a família, especialmente com a mãe, tem sido frequente.

Alguns comportamentos problemáticos da parte da mãe:
Tem padrões elevados em relação à limpeza da casa. Se J demora para fazer algo, ou não faz perfeitamente, a mãe reclama e briga com ela. Apesar disso, J relata que a mãe redireciona a culpa das próprias falhas.
As brigas são altamente aversivas. A mãe tende a fazer julgamentos (“você é uma fracassada!”) e comparações (“sua irmã teve sucesso na vida, tu não”) no calor do momento. As duas ficam sem se falar por dias, e depois a mãe tende a agir como se nada tivesse acontecido. J relata que não se lembra da última vez que a mãe pediu desculpas por algo.
Manipulações emocionais: a mãe frequentemente diz o quanto se sacrificou pela família, e que espera o mesmo retorno das filhas; já disse que se J saísse de casa, se mataria e seria culpa dela. Quando quer algo, oferece agrados antes, como fazendo um bolo ou comprando um presente.

Hipótese diagnóstica: o relato de J me leva a suspeitar que sua mãe sofra de algum transtorno também. Manipulações emocionais, a dificuldade de pedir desculpas e assumir responsabilidades costumam ser estratégias de transtorno de personalidade, talvez narcisista ou histriônico. Apenas com o relato de J, não posso completar esse diagnóstico. Independente disso, estamos de acordo que precisamos lidar com essa dinâmica problemática.

Sessões 5 e 6:
Investigamos melhor o histórico de J, sua infância e adolescência e que padrões ela percebe que se mantém hoje.

Sessão 7:
Intervenção: Pedi a J que imaginasse como seria daqui a 20 anos quando sua mãe morresse de idosa. Visualizamos o período de luto e depois que tipo de vida gostaria de levar. Em lágrimas, J sentiu alívio, mas também culpa por se sentir assim.

Seguimos adiante no exercício para que rotina e projetos J gostaria de ter nessa época:
Gostaria de passar mais tempo cuidando de si
Gostaria de se inscrever numa escola de dança
Passaria mais tempo com seus velhos amigos, e estaria mais aberta a fazer novos
Teria mais equilíbrio emocional
Dormiria melhor
Perguntei se J estaria disposta a buscar essas metas hoje. J diz que adoraria, embora considere difícil.

Conceitualização do caso:
J tem um emaranhamento emocional forte com a mãe, fortalecido por regras aprendidas rígidas e muitas vezes contraditórias. A paciente tem dificuldade de focar em suas próprias necessidades sem se julgar egoísta; tem dificuldade de se sentir tranquila enquanto pensa que outras pessoas precisam da sua ajuda; busca a aprovação da mãe e encara como normal seus comportamentos mais extremos de chantagem emocional.

Prioridades nessa etapa do tratamento:

Normalizar o que é considerado egoísta: J precisa ser capaz de se organizar baseado no que é melhor para si. Para isso, precisa ser capaz de buscar o que a faz feliz sem se sentir mal por isso.

Estabelecer limites claros com a mãe: Precisamos definir que atitudes são proibidas, e como vamos lidar com elas caso apareçam. Por exemplo, J pode sair da sala caso a mãe se recuse a parar de gritar com ela.

Resumo depois de 15 sessões:

Através de técnicas como a Matriz da ACT, criamos um mapa de que necessidades e metas J tem o direito de ter, e que obstáculos (internos ou externos) precisamos vencer. Treinamos sua assertividade para estabelecer limites, e fizemos vários exercícios para desenvolver sua auto compaixão.

A mãe de J permaneceu resistente a mudanças, o que nos levou a planejar como melhor se distanciar dela. J está atualmente morando em um apartamento que alugou. Relata que seus dias tem sido mais pacíficos, e tem tido mais momentos de autocuidado do que antes.

Utilizando a mesma escala subjetiva de bem-estar que J usou no começo da terapia, a mesma relata que estamos em um 6 de 10 atualmente. Ela ainda tem momentos de culpa por estar distante dos pais, e sabe que muitos dos padrões problemáticos que aprendeu com a mãe se replicam com amigos, relacionamentos amorosos e no trabalho. Para essa próxima etapa do tratamento, escolheremos um desses aspectos da sua vida para trabalhar.

Ao longo do processo Terapêutico são desenvolvidas habilidades e estratégias para que o cliente torne-se "terapeuta de si mesmo" e saiba identificar possíveis comportamentos que impeçam ele de viver uma vida plena.

Como funciona a Terapia para quem tem uma Mãe Narcisista?

A sessão de terapia é um ambiente seguro, sigiloso e acolhedor, ou seja, feito para você se expressar da maneira que quiser, sem julgamentos. Na terapia, você também tem a certeza de tudo que for conversado durante a sessão fica só entre você e o terapeuta. No tratamento envolvendo uma Mãe Narcisista, o terapeuta vai ajudar você a entender melhor as causas dos sintomas que te atrapalham, fazendo com que você use técnicas para enfrentar a situação até a melhora.

Fazendo terapia, você vai ter, semanalmente, um momento só seu para conversar sobre qualquer coisa e receber atenção exclusiva de um profissional dedicado a resolver suas demandas. Para você se reconectar com as coisas que antes te traziam alegria, é preciso “quebrar” essas atividades em micropassos até conseguir realizá-las normalmente, e um terapeuta especializado pode te ajudar com isso.

Para você poder aplicar as técnicas ensinadas nas sessões, o seu terapeuta pode passar algum exercício para você realizar ao longo da semana. Mas, como protagonista do seu próprio tratamento, você não é obrigado a realizar as tarefas solicitadas e você também tem total liberdade para encerrar a terapia quando se sentir apto a realizar suas atividades sozinho – ou por qualquer outro motivo.

Um resultado rápido ou imediato é impossível prometer, mas é garantido que a cada sessão você vai entender melhor como sua mente funciona. O terapeuta vai ajudar você a entender tudo o que está acontecendo na sua vida hoje e ensinar técnicas para resolver seus problemas.

Terapia com a Eurekka

Se você acredita que tem uma Mãe Narcisista e quer buscar um tratamento adequado, a Eurekka possui profissionais treinados nos melhores métodos de terapia.

Nossos terapeutas estão aptos para ensinar as ferramentas necessárias para você recuperar o seu ânimo e alegria, além de proporcionar um ambiente seguro para você desenvolver o seu autoconhecimento.

Você pode fazer terapia com a Eurekka de qualquer lugar do mundo através da terapia online, é só agendar a sua conversa inicial no botão logo abaixo para conhecer o nosso método. 

AVISO: O caso mostrado nesse texto não é o de um paciente/cliente real, sendo apenas inspirado em eventos e situações que acontecem dentro de um ambiente psicoterapêutico. A intenção deste texto é apenas simular como seria a intervenção clínica para um paciente que traga a queixa utilizada no texto para a terapia.

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